segunda-feira, 25 de março de 2013

Diário de Viagem Floripa a Ushuaia - Parte 3

Dia 21: 15/01/2013 - Rio Gallegos a Caleta Olivia
Enquanto aproveitava para descansar um pouco mais, pela manhã o Guga foi instalar a corrente que havia comprado no dia anterior na “autorizada” da Yamanha. Assim que ele chegou começamos a arrumar nossas coisas para partirmos.
Debaixo de chuva (pelo menos não tinha vento), fomos novamente à autorizada dar os ajustes finos na corrente da moto do Guga. Uns 5 minutos após a minha chegada ele chega todo assustado. O baú traseiro tinha se soltado e ele quase caiu.
Após os ajustes, seguimos pela RN 3 sentido norte. O dia estava bastante quente e com vários pontos com chuva passageira. Na cidade de Comandante Luis Piedrabuena, passamos pela bela ponte que corta o Rio Santa Cruz. Um pouco mais a frente paramos para abastecer e fazer um lanche e reencontramos nosso amigo da VStrom, o Olavo.
Após 260 km de retas intermináveis, paramos novamente para abastecer e encontramos 2 gaúchos que estavam fazendo o caminho inverso e nos deram informações sobre as condições da estrada e uma ótima dica para quem viaja pela Argentina: o site da “Vialidad Nacional” (http://www.vialidad.gov.ar).
Viajamos por mais 200 km de estradas asfaltadas até chegarmos ao anoitecer na cidade litorânea de Caleta Olivia. Lá ficamos na Hospedaje Rodas. Quando começamos a conversar com o dono ele estava um pouco ríspido, mas depois de alguns minutos foi amolecendo o coração e até nos deixou colocar as motos dentro da pousada.
Saímos para comprar nossa janta num mercadinho próximo e notamos que estávamos sendo seguidos por um garoto argentino. Ele havia recém chegado das férias de Floripa e quando viu nossas camisetas com o símbolo da viagem veio puxar papo. Comemos um “delicioso” sanduíche de “jamon y queso” e fomos dormir.










Dia 22: 16/01/2013 - Coleta Olivia a Puerto Madryn

Os 80 km da RN3 que separam Caleta Olivia e Comodoro Rivadavia são um espetáculo da natureza. A estrada costeia o mar mas mesmo assim apresenta uma paisagem de deserto. Em Rivadavia notamos, pela quantidade de barro acumulado nas ruas que uma tempestade havia caído na cidade. Pesquisando depois vi que ela ocorrera dois dias antes e alagou diversos pontos da cidade.
Almoçamos em um posto YPF (este tinha pouca fila para abastecer) e continuamos rumando norte na RN 3. Como nos distanciamos do mar as paisagens foram ficando mais feias, porém o vento continuou nos acompanhando.
Em Puerto Madryn selecionei alguns albergues no GPS porém todos estavam cheios. Em um deles o atendente nos indicou o Che Patagonia Hostel, bem próximo ao mar. Descarregamos nossas coisas, tomamos um banho e fomos comprar uma carne pra jantarmos. Na cozinha do hostel conversamos com alguns argentinos e conhecemos um casal de franceses que estavam em uma aventura de 6 meses pela Argentina. É engraçado como podemos fazer grandes amizades em tão pouco tempo quando estamos com o espírito desarmado.
Depois da janta, demos uma volta na cidade com nossos amigos franceses e fomos dormir.




Dia 23: 17/01/2013 - Puerto Madryn a Viedma
Após acordarmos saí para comprar uns pães e recheá-los com a carne cozida na noite anterior. Arrumamos nossas coisas, tiramos fotos com nossos amigos franceses e tocamos para a RN 3 em sentido norte.
Próximo a San Antonio Oeste, paramos em um posto para abastecer e, como estávamos na fila mesmo, aproveitamos para comer os nossos deliciosos sanduíches de carne.
Chegando a Viedma abastecemos e tocamos para a cidade vizinha de Carmen de Patagones para procurar por hotéis. Como estavam muito caros para nosso orçamento, retornamos a Viedma e, após uma choradinha do Guga, conseguimos chegar a um preço aceitável.


Dia 24: 18/01/2013 - Viedma a Miramar

Tomamos nosso café da manhã no hotel e logo saímos pois teríamos um longo trecho de 700 km a percorrer durante o dia. De Viedma a Bahía Blanca mais uma vez passamos por retas intermináveis na RN 3.
Durante quase todo o dia tivemos temperaturas agradáveis, porém ao entardecer próximo a Miramar (e ao litoral) esfriou de repente nos fazendo vestir as roupas de frio que achávamos que não mais iríamos usar.
Coloquei um hostel no GPS porém, devido ao alto preço (170 pesos) resolvemos procurar um camping. Ficamos no “El Durazno”, bem próximo do mar. Chegando lá encontramos um argentino bem falador, meio maluquinho, mas apaixonado por motos que nos ficou empatando.
Demos entrada no camping e, após levantar acampamento e comprar carne para “parrillar”, já escuro, percebemos que não tínhamos como acender o fogo e nossa lâmpada estava quebrada. Fomos então que agraciados pelo Daniel, um argentino que estava acampando com sua esposa e filhas. Ele nos emprestou lâmpada, mesa, cadeiras e algumas brasas para assarmos nossa janta.
Como estávamos muito cansados, tomamos um banho e fomos dormir.




Dia 25: 19/01/2013 - Miramar
Tiramos o dia para descansar. Pela manhã caminhamos pela praia. Ela é um pouco diferente do que estamos acostumados, com suas cabaninhas e redes de jogos, mas nem por isso deixa de ser bela.
À tarde resolvi trocar o óleo da moto e foi quando percebi que dentre todas as ferramentas que trouxera, nenhuma me servia. Por sorte nosso amigo Daniel estava muito bem equipado e me emprestou uma chave de boca com cabo alongado, própria para isto.
Fomos dar uma volta pela cidade e tomar um café. A todo o momento víamos placas com o slogan “Miramar es família siempre”, demonstrando o perfil familiar da cidade. Caminhamos por um calçadão muito arborizado e cheio de bares e restaurantes. Ficávamos imaginando porque isso não ocorre em Floripa, uma cidade que se auto-intitula turística.
À noite, fomos convidados pelo Daniel para jantar e enquanto degustávamos um vinho argentino, comemos uma pizza com massa prepara por sua mulher e assada por ele na churrasqueira, a famosa “Pizza a la Parilla”.

Segue a receita:
Ingredientes:

  • 1 kg de farinha de trigo
  • 50 g de levedura de pão
  • Sal a gosto
  • 600 ml água morna
  • 1/2 copo de café ou taça pequena de óleo
Preparo da massa:

  • Colocar a levedura em um copo com água morna e uma pitada de açúcar
  • Esperar sair espuma (levedura ativada)
  • Misturar à farinha e o resto de água morna e sal.
Assando:

  • O carvão deve estar todo vermelho (maduro)
  • Colocar a massa e deixar assar um dos lados.
  • Virar a massa e por os temperos no lado já assado.
  • Pode-se usar uma tampa para assar melhor os temperos




Dia 26: 20/01/2013 - Miramar a Buenos Aires

Seguimos pela RN 11 até Mar del Plata. A cidade é muito bonita, porém muito urbanizada para nós que estávamos há quase um mês na estrada. Ela possui um dos maiores portos de pesca da Argentina e é um destino turístico durante o verão, quando sua população chega a triplicar.
Paramos em um posto para abastecer e comer um pão com frango que trazíamos na bagagem (sempre acompanhados de um amigo canino). Como estávamos com um pouco de sono, resolvemos tomar um café na loja de conveniência anexa. Notei que haviam algumas baias com pessoas acessando computadores, uma espécie de “Cyber Café”. O curioso era que todos estavam acessando o Facebook. Naquele momento, um domingo ensolarado no litoral, pensei comigo: - Parecem viciados.
Só mudou o tipo de droga. Cheguei à conclusão de que estavam ali por quererem escapar da realidade. Exatamente como qualquer drogado. Aquelas baias deveriam estar vazias. Vai ver fiquei muito tempo na estrada e enloqueci.
Após a cidade de Dolores na RN 2, a cerca de 180 km de Buenos Aires paramos em um posto para fazer um lanche e conhecemos alguns dos integrantes do grupo LAMA (Latino Americanos Motociclistas Associados). Pessoas boníssimas, nos convidaram para irmos juntos até Buenos Aires.
Na entrada da capital, paramos em um posto para abastecer e eles pediram que eu fosse à frente por conta do GPS. Inserimos a Rua Estanislao de Campo, cidade de Ezeiza na Grande Buenos Aires e fomos seguindo a rota. Entretando o GPS me forneceu a rota mais curta, que passava por alguns bairros estranhos e nos fez perder um grande tempo por causa dos diversos semáforos.
O melhor caminho, segundo nosso anfitrião em Buenos Aires era termos continuado pela Autopista Buenos Aires - Mar del Plata (RN 2), esquerda para Autopista Buenos Aires - la Plata até o bairro de San Telmo, onde dobraríamos novamente à esquerda para a Autopista 25 de Mayo. De lá seguiríamos “todavida” até o nosso destino.
Brincadeiras à parte por conta do GPS, fomos muito bem recebidos por nossos colegas que, inclusive, não nos deixaram pagar nada.




Dia 27: 21/01/2013 - Buenos Aires a Piriápolis

Pela manhã saímos de Ezeiza para o Buquebus com nossos companheiros LAMAs. Chegando próximo ao centro me pediram novamente para utilizar o GPS que nos mandou novamente pelo caminho mais curto e cheio de semáforos. Lição aprendida: não se basear pelo GPS em Buenos Aires.
Deixamos as motos no estacionamento do Buquebus e fomos comprar as passagens. Assim como milhares de outras pessoas, ficamos na fila de quem já tinha reserva. Depois pegamos as fila para marcação da passagem, para pagamento da passagem, para a alfândega e voltamos novamente para onde estavam nossas motos (estou ficando tonto). Após uma revista “pra inglês ver”, estacionamo-las no barco e subimos para a área destinada a passageiros.
O barco é bem equipado com cadeiras confortáveis, lanchonete e, ainda por cima, possui uma apresentação musical. Aproveitamos para descansar e tirar umas fotos. 3 horas depois estávamos em Colonia del Sacramiento, no Uruguay, uma cidade pitoresca, muito parecida com Parati - RJ. Aproveitamos para dar uma caminhada e tirar mais algumas fotos.
Em Montevideo mais fotos na Plaza de Independiencia e na avenida 9 de Julio. Por indicação de nossos amigos LAMA resolvemos tocar pela rodovia Interbalnearia (IB), até Piriapolis, próxima a Punta del Este.
Coloquei o camping Aebu no GPS, porém chegando lá não me agradei muito. Falei para o Guga e fomos dar uma olhada no camping Piriápolis que, de quebra, era mais barato.  No mercadinho dentro do camping compramos carne e o dono nos emprestou uma grelha. Acendemos a churrasqueira com folhas secas dos pinheiros que nos rodeavam. Nos sentimos como o personagem do Tom Hanks no filme O Náufrago, que acabara de descobrir como fazer fogo.
Enquanto assávamos nossa janta, encontramos uma molecada de Joinville que estava voltando de uma aventura até Buenos Aires em um Palio 1.0. Prova de que não é necessário muito dinheiro ou conforto para a realização de sonhos.












Dia 28: 22/01/2013 - Piriapolis
Tiramos o dia para descansar e conhecer a cidade. Pela manhã demos uma caminhada na Rambla de los Argentinos (a Beira Mar de Piriápolis) e tomamos um banho no mar gelado. Na volta passamos em uma “carneria” e assamos uma carne na lenha já que ninguém é de ferro.
À tarde pegamos nossas motocas e fomos visitar o Cerro San Antonio que possui uma belíssima vista de toda a orla. Estacionamos na “rambla” e saímos para dar mais uma  caminhadinha na praia. Tiramos fotos do pôr do sol no mar, que era aplaudido pelos uruguaios.   Voltamos para o camping, assamos outro churrasco à lenha acendida com folha de pinheiro e fomos dormir.






Dia 29: 23/01/2013 - Piriápolis a Santa Vitória do Palmar
Na noite anterior, nossos amigos de Joinville sugeriram visitarmos a Casapueblo, na Punta Ballena, próxima a Punta del Este. Era a casa de verão do famoso artista uruguaio Carlitos Paez, agora transformada em cidadela-escultura. Entretanto, chegando lá acabamos só tirando algumas fotos de longe, ficando o gostinho de quero mais.
Punta del Este marca o encontro do Rio da Prata com o Oceano Atlântico e é uma cidade bastante luxuosa. O casino Conrad e os iates na marina chamam a atenção para este quesito. Continuamos pela orla até o Monumento al Ahogado comumente conhecido como “la mano” que, apesar de ser muito bem feito, achava que seria mais bonito.
Passamos por Maldonado e paramos em San Carlos para abastecer e fazer um lanche. Chegando a Chuy no Uruguai, que é separado de Chuí no Brasil por uma avenida, demos uma procurada por pneus, porém achamos que não valia a pena. Lá encontramos um gaúcho que já havia morado em Floripa e, como o Guga tinha que novamente trocar o óleo, indicou que o fizesse em Santa Vitória.
Fiquei em Chuy para comprar algumas poucas lembrancinhas em uma dessas lojas tem-de-tudo. Após uma operação de gerra, já que não havia muito espaço disponível, consegui colocar os presentes na moto e rumei para a fronteira. Passagem tranquilíssima pela aduana, nem precisei realizar os procedimentos migratórios.
Chegando à concessionária que combinamos de nos encontrar em Santa Vitória me informaram que o Guga havia ido trocar o óleo em outra loja de motos. De lá seguimos um dos mecânicos até um hotel “bom e barato” para tomarmos um banho. Saímos a pé para lanchar nossa janta, um super X e algumas cervejas geladas. Nada como sermos atendidos em português!











Dia 30: 24/01/2013 - Santa Vitória do Palmar a Osório
Tomamos nosso café da manhã no hotel e seguimos para o norte pela BR 470. Próximo à Rio Grande paramos em um restaurante de caminhoneiro e comemos muito arroz, feijão e carne, nada de sanduíches de “jamon y queso”!
Em Rio Grande aguardamos por 45 minutos até pegarmos a balsa que nos levaria a São José do Norte, atravessando a Lagoa dos Patos. Escolhemos este caminho pois nos disseram que, além de mais curto e tranquilo, era muito bonito.
Em São José se inicia a BR 101, que passa por praticamente todo o litoral leste brasileiro, até o Rio Grande do Norte. O trecho até Osório passa por dentro de uma reserva ambiental e possui diversas capivaras e espécies de pássaros que invadiam a pista, forçando-nos a diminuir a velocidade e a buzinar para espantá-las.
A cerca de 100 km de Osório, uma chuva torrencial nos acompanhou até a chegada ao hotel. Pouco antes, passamos por um parque eólico com enormes turbinas, um espetáculo construído pelo homem. Efetuamos o checkin, tomamos um banho, jantamos um lanche com cerveja e fomos dormir. No dia seguinte estaríamos em casa!


Dia 31: 25/01/2013 - Osório a Florianópolis

Tomamos um café da manhã reforçado no hotel e, às 10 hs, seguimos para Torres pela RS 389, a via costeira paralela à BR 101. Entramos para dar uma olhada na praia de Atlântida e pegamos uma baita fila para sair.
Após Torres, continuamos pela BR 101 sentido norte até pararmos na casa do meu pai em Palhoça para tomarmos um café. Chegando lá ele levou um susto com a barba que eu não fazia desde que saíra de casa. Comemos um bolinho, conversamos um pouco e saímos.
Pouco antes de retornar à BR 101, ao passar por um buraco, a corrente da moto do Guga sai da coroa e trava a roda. Efetuamos um reparo emergencial, porém a corrente continuava bem frouxa, podendo cair a qualquer momento.
Seguimos bem devagar, às vezes pelo acostamento, até a Beira Mar de São José, que marcou o fim da maior aventura de nossas vidas até o momento. Que venham as próximas!





Um comentário:

  1. Parabens aos dois pela viagem e união! Fizeram uma bela viagem, apesar dos perrengues, rsrs.

    Se um dia tiverem oportunidades, venha conhecer a Serra da Canastra, um otimo lugar para passear e bom para passeos de motos.

    Abraços.

    ResponderExcluir