terça-feira, 27 de março de 2012

Nova moto

Em 2011 me surgiu uma idéia: chegar de moto ao Ushuaia, o ponto habitado mais ao sul do mundo, na Argentina. Haviam, entretando, diversas peculiaridades no trajeto: grandes distâncias sem postos de combustível, estradas mal conservadas, grandes variações de altitude e temperatura, gasolina de diferente do Brasil, etc. Comecei a pensar que talvez não fosse uma boa ir com a minha Yamaha Virago XV 535.
A Virago (segundo a Wikipedia, mulher de qualidades heróicas), apesar de uma excelente moto Custom carburada, para uma viagem com essas características me adicionaria um risco ao projeto. As motos Custom, conhecidas nos EUA como Cruisers (de Cruzeiro), são motos que imitam o design das máquinas americas das décadas de 1930 a 1960, tendo a Harley Davidson como um ícone deste estilo.
Como a qualidade das estradas estadounidenses  é boa, a posição de pilotagem e o amortecimento das Customs não é dos mais confortáveis para trechos não asfaltados. Certa vez, em uma viagem que fiz pelo interior de SC, por essa razão tive que retornar diante de um trecho de alguns  km de estrada de chão.
Devido a essa “incompatibilidade” entre as motos Custom e trechos ruins, tomei a decisão: a viajem para Ushuaia deve ser realizada em uma moto Trail. As trails são motos de duplo propósito, feitas tanto para o asfalto (on-road) quanto passeios off-road recreativos. Esse duplo propósito das Trails me possibilitaria tanto realizar viagens mais aventureiras quanto utilizar a moto como meio de transporte na cidade.
Decidido o estilo, parti para a potência. Como estava acostumado com uma moto de média cilindrada (a Virago tem 535 cc) decidi continuar nessa mesma categoria. De posse dessas decisões parti para a pesquisa. Após muito ler na Internet e em revistas especializadas, fechei o leque de opções em 4 modelos:

Suzuki V-Strom 650
Apesar de ser uma das mais vendidas nesse segmento de mercado, achei-a um tanto grande. Isso me incomodaria um pouco caso quisesse usá-la no trânsito da nossa querida “Filanópolis”.


Yamaha XT660R
Foi muito bem avaliada no off-road pelas revistas e sites, e possui um bom tamanho para uso na cidade. Contra ela estava o fato de ser muito visada por assaltantes, o banco estreito (desconfortável em viagens longas) e o design mais simples, comparado aos outros modelos analisados.

Yamaha Teneré XT660Z
Li diversos depoimentos e avaliações sobre como ela era boa tanto no on quanto no off-road, porém ela não estava disponível em Floripa no momento que decidi comprar a trail, uma pena.

Kawasaki Versys 650
Diferentemente do que seu nome diz (Versys - Versátil), a moto é mais voltada para o segmento on-road. Possui ABS opcional, motor bicilíndrico e saídas de ar voltadas para baixo (e para longe das pernas do piloto). Além disso possui um design muito bonito.

BMW G650GS
Pelas análises que li, esta moto também manda muito bem tanto no on quanto no off-road e é reconhecida como uma moto muito resistente. Isso é muito bem demonstrado pelo slogan “Unstoppable” (Que não para). De série possui protetores de punho, manoplas aquecidas e ABS.

Com esses 5 modelos na cabeça, numa quinta-feira de dezembro de 2011, fui à revenda especializada da Kawasaki, que era a mais próxima da minha residência, onde pedi para ver a Versys. Aqui o principal fator que pesou na minha decisão de descartá-la foi o fraco atendimento da concessionária. Por ser uma autorizada de uma grande marca como a Kawasaki, esperava mais.
Fui atendido por uma moça que sabia o básico sobre a moto, mas sempre que indagada sobre algo mais técnico me fazia esperar para perguntar ao gerente. Depois perguntei se poderia realizar um test-drive e o gerente me informou que só poderia após a compra da moto. Claro, eu vou dar 30 mil reias pra depois descobrir que não gostei.
Então, logo após o fraco atendimento da Kawasaki, fui até a Top Car, revenda da BMW em Florianópolis. Na entrada já dei de cara com o modelo 2012 que, pra mim ficou mais bonito que o antigo. Na hora pensei comigo: - Puts fudeu, é essa.
Já descolado, procurei um homem para me atender. Fui atendido pelo Rodrigo. Perguntei sobre diversas questões técnicas como consumo, custos de manutenção, autonomia, freios ABS, protetores de punho, manoplas aquecidas, luz de reserva de combustível, etc. Após o questionário, para minha surpresa, ele me pergunta se eu não queria realizar um test-drive. O que? Eu nem preciso comprar a moto para experimentá-la? Aqui novamente o atendimento foi um fator decisivo mas, ao contrário da Kawasaki, positivo.
Saí da autorizada com aquela coceirinha na mão. O preço estava bom e a moto me agradou. À noite liguei para meu pai para contar sobre minha intenção. No dia seguinte fomos juntos à concessionária. Resultado: saímos de lá donos de 2 BMW G650GS!




Sugetões:
  • Busque informações em fóruns especializados na Internet. Dessa maneira é possível já conhecer os principais pontos fortes e fracos da moto. Assim as dúvidas na hora da compra já poderão ser sanadas e fica mais fácil chorar sabendo dos pontos negativos ou problemas.
  • Realize um test-drive. Se for possível, passe o dia com a moto e pilote em diversos tipos de situação (rodovias, cidade, trilhas, etc), levando em conta os tipos que serão mais utilizados.
  • Converse com donos. Nada melhor do que uma pessoa que já tem intimidade com a moto para passar dicas sobre ela.
  • Seja atendido(a) por homens. A compra de uma motocicleta muitas vezes é um ato emocional, mas essa emoção tem que ser pela máquina. Se você é um homem, saiba que você não vai pegar a vendedora só porque comprou a melhor moto da loja com ela. Pechinche. Se você é mulher, jogue seu charme pra cima do vendedor pra baixar o valor. Homens têm dificuldades de negociar com mulheres, especialmente as bonitas. Além disso é mais provável encontrar um vendedor masculino com mais conhecimento técnico para sanar suas dúvidas.

sábado, 24 de março de 2012

Floripa Moto Show - 24/03/2012

Ao chegar, a fila, o estacionamento de carros lotado e uma grande aglomeração de motociclistas na área reservada aos motoclubes nos fundos do Centro de Eventos me deixou empolgado. Eu e a patroa pagamos pelo estacionamento e pela entrada na feira. Entramos e dei de cara com o stand da Top Car, concessionária da BMW em Floripa. Procurei pelo Rodrigo, o vendedor com o qual comprei minha G650GS que prontamente me ofereceu uma cerveja e uns brindes. Ponto pro ótimo atendimento.
À direita da entrada estava o stand da Geração Motos, concessionária da Yamaha. Me chamou atenção a Teneré 660. Andamos mais um pouco e passando pela revenda da Dafra onde dei uma olhada em algumas motocas interessantes. Acredito que em mais alguns anos a Dafra estará em pé de igualdade com as tops do mercado.
Logo a seguir algumas revendas multimarcas, lojas de acessórios, capacetes, botas, vestimentas e, A PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO? O que, já acabou? É, como diria meu parceiro de viagens Crica: - Tá visto! Fiquei pensando comigo: - Puts, com os 10 pila da nossa entrada dava pra ter tomado uma gelada.
Resolvemos então sair da "feirinha" e ir para a parte destinada aos motoclubes. Ali haviam motociclistas de todas as tribos, com suas motos custom, trail, big-trail, esportivas, etc. Muito barulho, altas rotações e umas fritadinhas de pneus.
Andando mais um pouco chegamos no local da apresentação da equipe de Wheeling Pro-Tork Alto Giro (www.altogiro.com.br). Bem bacana a apresentação, os pilotos realizam manobras arriscadas, tudo bem pertinho do público.
Fiquei com um gostinho de "quero mais" e imaginei que um motociclista que tenha andado alguns milhares de km para participar do encontro poderia ter ficado um pouquinho decepcionado. Para chegar em Floripa, porém, ele passou por paisagens lindas, tanto no nosso litoral quanto na nossa serra, além de Floripa ter diversos pontos lindíssimos para se visitar de moto. Viagem de moto deve ser assim, curtida do primeiro ao último km percorrido.

Seguem algumas fotos do evento:

Linda Harley Davidson

Teneré preparada pra viagens


Shadow customizada




Apresentação de Wheeling

Teneré antiga



Feira

Feira


Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Planilhas

Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Lições aprendidas

Lições Aprendidas

Bom, como todo projeto bem gerenciado deve ter e como encaro minhas viagens como projetos, não poderia esquecer as lições que tirei da viagem. Aqui estão elas:

  • Levar mochila pequena para passeios sem a moto. Ter que carregar máquina fotográfica, protetor solar, água e umas bolachas na mão é uma tarefa um tanto quanto ruim.
  • Montar bolha maior na moto e adquirir capacete com maior isolamento do vento. A bolha original da BMW G650GS é muito baixa, deixando que uma grande quantidade de vento atinja o capacete. Com isso, o barulho quando se passava de 90 km/h era ensurdecedor.
  • Intercoumicador. Como tinha um Motorola Talkabout antigo, resolvi comprar um laringofone para tentar usar como intercomunicador. Ficou uma porcaria. Não entendíamos nada do que se falava, e a quantidade de fios só atrapalhava. Já estou olhando um intercomunicador via Bluetooth, só falta achar um que caiba no meu orçamento.
  • Em alguns trechos é cansativo manter a moto acelerada. Adquirir um “piloto automático” para aliviar a tensão no pulso.
  • Utilizei um suporte xing-ling para adaptar minha câmera fotográfica na moto, mas a qualidade tanto da imagem (trepidação) quanto do som (vento) deixou muito a desejar. Câmera melhor para filmagens na moto. Talvez uma GoPro, se couber no orçamento.
  • GPS à prova d'água. Ao chover fui obrigado a tampar o GPS com um plástico, o que prejudicava sua visualização e manuseio. Andei olhando um tal de Garmin Zumo, específico para motos, mas uma facada.
  • Mini-tripé mais alto e um “monopé” telescópico para a câmera fotográfica. O monopé visa facilitar o auto-retrato.




 




Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Dia 13

Dia 13 – 9/03/2012
Trecho: Praia Grande-SP a São José-SC
Km Total: 2257,1
Km Dia: 699,9

Levantei com uma ideia na cabeça: tentar chegar em casa à noite. Tomamos nosso cafezinho espartano, visitamos São Vicente-SP onde passamos pela ponte pênsil construída em 1914 que liga a ilha de São Vicente e Santos ao continente. 

 

Após a visita ao centro, retornamos pela ponte pênsil e rumamos para a BR-101/SP-055. De lá pegamos a BR-116 até Curitiba, onde eu e meu bróther Crica nos separamos. Desci a serra com sentido a Floripa e toquei pela BR-101 pra minha casinha. Cheguei bem cansado, mas o banho e a companhia da esposa após duas semanas me renovaram. É muito bom viajar, mas é melhor ainda voltar!

Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Dia 12

Dia 12 – 8/03/2012
Trecho: Vila de Trindade a Praia Grande
Km Total: 1557,2
Km Dia: 314,1

Começamos o dia com a trilha para a “Pedra que Engole”, uma cachoeira onde é possível ficar totalmente embaixo de uma pedra. Saindo da Vila de Trindade, devido à greve de caminhões em São Paulo-SP que fez com que os postos ficassem sem combustível, resolvemos mudar os planos e voltar pela Rio-Santos. Foi até bom pois vi paisagens que não havia percebido e fui lembrando de alguns pontos legais da vinda. Chegando próximo à Santos-SP pegamos muito trânsito pesado e, se não fosse pelo GPS teríamos com certeza nos perdido.



Selecionei erroneamente no GPS a cidade de Praia Grande-SP ao invés de São Vicente-SP. Dormimos na Pousada Gato Zé I (pousadagatoze.webnode.com.br) na Praia de Ocian em Praia Grande-SP, uma pousadinha bem simples por R$ 80 e, comparando-se às outras, levou a menor nota: 1,75/5.
Nesta noite um fato inusitado nos ocorreu. Estávamos jantando nosso lanche quando, de repente, surge uma dupla com uma viola e começa a tocar músicas "de corno" antigas. Eles estavam tocando bem na nossa frente, e diversas pessoas começaram a se aglomerar e a cantar junto com a dupla. Todos sabiam as músicas de cor, menos nós. Pagamos a conta e saímos antes que eles cobrassem couvert.

Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Dia 11

Dia 11 – 7/03/2012
Trecho: Paraty-RJ à Vila de Trindade
Km Total: 1243,1
Km Dia: 35,1

Neste dia começamos a volta. Os cerca de 17 km entre a Rio-Santos e a Vila de Trindade são extremamente sinuosos, ou seja, uma delícia para se fazer de moto. Na chegada encontramos novamente o casal de gaúchos que fizeram o mesmo passeio de barco conosco no dia anterior. Após uma pesquisa nas pousadas escolhemos a que tinha o melhor custo-benefício, a Pousada Pouso Trindade que nos custou R$ 80 a diária e ganhou nota 2,5/5.

Mapa da vila de Trindade
 Após o nosso PF de almoço de cada dia, encontramos nossos amigos gaúchos (é, catarinas e gaúchos podem conviver em paz!) e fizemos a trilha para a Piscina Natural do Cachadaço, um aglomerado de pedras que formam uma grande piscina de água gelada e cristalina.
Chegando na Vila tomei mais um açaí gigante por menos de R$ 10.
Piscina natural

Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Dia 10

Dia 10 – 6/03/2012
Trecho: Paraty-RJ
Km Total: 1208
Km Dia: 0

                      
A dona da Pousada Provence nos reservou a Scuna Banzai (www.escunabanzay.com.br) que, juntamente com a comida, e a máscara de mergulho me custou R$ 85 e levou nota 5/5 (impecável!). O trajeto é muito bonito, ela tem um sonzinho ao vivo, frutas, café e paradas para ver os peixes que vêm quase comer na mão. Várias fotos. 
  
 Engraçado como nessas viagens encontramos pessoas incríveis que talvez nunca mais venhamos a encontrar. Foi o caso do casal aí da foto. Gaúchos do Rio Grande do Sul, muito divertidos e parceiros, nos renderam bons momentos.



Passamos pela casa onde, segundo o guia, foram filmadas algumas cenas para aquele filminho com adolescentes zoófilos e necrófilos: Crepúsculo (www.imdb.com/title/tt1099212/) e adentramos ao único fiorde do Brasil. 


O almoço era de primeira, mas sentimos falta de uma mochila e umas bolachas.



Após o passeio uma corridinha de 8km (já estava precisando) e, pra rebater, uma visita ao restaurante onde o Crica, meu parceiro de viajem, conseguiu um super desconto pra nós. Enchemos o bucho com uma deliciosa moqueca de linguado e fomos dormir.





Viagem de Moto pelo Litoral Paulista e Carioca - Dia 9

Dia 9 – 5/03/2012
Trecho: Ilhabela-SP a Paraty-RJ
Km Total: 1208
Km Dia: 172,3

De volta à Rio-Santos, após passar a balsa e ter que pagar uma taxa de R$ 2, que nos disseram ser uma contribuição para o uso da infraestrutura da ilha, seguimos por cidades como Caraguatatuba e Ubatuba. Nesta última paramos para almoçar o PF nosso de cada dia.


Chegando em Paraty-RJ fomos indicados por uma atendente do posto de informações às pousadas próximas à rodoviária e à direita da entrada da cidade. Nesta localização não estávamos encontrado uma pousada que estivesse em nossa faixa de custo-benefício aceitável. Ou eram espeluncas ou muito caras. Foi então que o guia de um casal de argentinos nos informou que teria uma pousada do nosso agrado. Seguimo-o à Pousada Provence (www.pousadaprovence.com.br) próxima ao centro histórico. Ela custou R$ 130 a diária e recebe nota 3,5/5 por conta de alguns problemas que tivemos com o quarto.
Fomos dar uma volta no centro histórico, muito bonito e conservado. Vários estabelecimentos comerciais eram encontrados nas antigas casas. A igreja e as ruas feitas de pedras irregulares nos remetiam ao Brasil colônia quando abrigava o mais importante porto exportador de ouro do “país”.
Jantamos, demos mais uma volta e fomos dormir, já que o dia seguinte prometia.